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E TODO AMOR QUE EU DEI?

  • Foto do escritor: Marlene Laia
    Marlene Laia
  • 5 de fev.
  • 2 min de leitura



João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. Quadrilha de Carlos Drummond de Andrade

Uma das queixas mais frequentes no consultório é da falta de reciprocidade nos relacionamentos amorosos. E mesmo se dedicando ao relacionamento com dedicação, afeto e disponibilidade, elas relatam que sentem que são ignoradas ou tratadas com frieza por seus parceiros. Essa discrepância entre o que sentem e o que recebem geram sentimento de insuficiência, como se fossem incapazes de ter um relacionamento saudável. A falta de reciprocidade causa um desequilíbrio, no qual a conta emocional nunca fecha levando a dúvidas sobre o próprio valor e a capacidade amar.


Ao ouvirmos a história de vida da pessoa, identificamos uma criança que se sentiu desamparada ou não amada o suficiente por seus pais. A precoce carência de cuidados e amor, vivenciada na primeira infância, gerou uma ferida narcísica profunda marcada por uma sensação de desvalia e inadequação. Houve a ausência de um espaço familiar seguro e bom que as possibilitasse experimentar a sensação de contenção e acolhimento, essenciais para o desenvolvimento psíquico saudável. A carência as conduziu a uma precoce autonomia, forçando-as a lidar com as demandas da vida prematuramente.


E sob essa autonomia reside um medo latente de abandono, que permeia suas relações. E com cautela observamos que o “insuficiente” vem carregado pelo medo de abandono. O amor idealizado e inalcançável vem revelar a tentativa de preencher esse vazio interior. As relações amorosas, marcada pela ambivalência, oscila entre a esperança de finalmente ser amada e o medo de novamente ser abandonada. Tal repetição de padrão é inconsciente e traz disfuncionalidade para a vida do sujeito. Este revive na vida adulta as experiências dolorosas na infância. Mas, o sujeito, aquele lá da queixa frequente, continua a se perguntar “o que há comigo? Se dei todo o meu amor, mas não foi suficiente”.


E todo amor que você deu? E todo carinho, afeto, disponibilidade que deu para onde foi? É seu, continua com você. Foi você quem sentiu amor, quem deu tempo e disponibilidade. Você abriu a possibilidade para que algo surgisse, e não o outro. Então, tudo isso é seu e permanece com você. A outra pessoa é que não esteve disposta a ser relacionar, o amor faltou foi nela não em você. Foi ela quem te perdeu! Basta agora que você direcione o mesmo amor, afeto, cuidado e disponibilidade para você mesma. Pessoas disponíveis são raras. Cuide-se!


A psicoterapia é uma forma segura e ética para trabalharmos as questões acima. A história tratada neste texto ocorre de forma generalizada, o intuito é de preservar os envolvidos, mas também compreendemos a complexidade da experiência humana e a singularidade de cada indivíduo. O que exige para cada caso uma análise mais aprofunda e individualizada para sabermos dos traumas passados que cada um carrega. Por isso, ao se identificar em sofrimento psíquico busque ajuda de uma psicóloga, psicoterapia pode transformar sua vida!


Até mais!


Marlene Laia

Psicóloga Clínica

CRP 04/39.457


 
 
 

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